Lucas Maia
Resumo: Este estudo versa sobre a forma como o Ciclo do Marketing Digital de Felipe Chibás Ortiz e a sua utilização pelos profissionais de comunicação e marketing político no Brasil em campanhas eleitorais e manutenção de mandatos de candidatos podem contribuir com a construção de cidades MIL. Além de um breve levantamento teórico foi utilizado como base uma pesquisa realizada em dezembro de 2020 com 47 profissionais de marketing político e comunicação política de diferentes estados do Brasil levantando informações sobre suas ferramentas e estratégias preferidas para serem utilizadas em campanhas eleitorais e na manutenção de mandatos de seus candidatos. Este levantamento será utilizado no futuro para uma análise mais ampla sobre como podemos modificar a forma de se trabalhar o marketing de maneira mais estratégica, tecnológica e, sobretudo, ética, além do combate a desinformação de acordo com o que é proposto nas cidades MIL.
Palavras-chave: marketing, política, digital, comunicação, anúncios, propaganda.
Contributions of the Digital Marketing Cycle and Political Marketers to the Construction of MIL Cities
Abstract: This study focuses on how Felipe Chibás Ortiz’s Digital Marketing Cycle and its use by communication and political marketing professionals in Brazil in election campaigns and maintenance of candidate mandates can contribute to the construction of MIL cities. In addition to a brief theoretical survey, a survey conducted in December 2020 of 47 political marketing and communication professionals from different states in Brazil was used as a basis to gather information on their preferred tools and strategies to be used in election campaigns and the maintenance of mandates of their candidates. This survey will be used in the future for a broader analysis on how we can change the way marketing is worked in a more strategic, technological and, above all, ethical way, beyond combating disinformation according to what is proposed in MIL cities.
Keywords: marketing, politics, digital, communication, ads, propaganda.
Cidades MIL, o que são e como o Ciclo do Marketing Digital Pode Contribuir com Sua Construção
Cidades MIL é um conceito de cidades inteligentes que se desenvolvem com o uso das tecnologias e a atuação ativa de toda a sociedade de maneira ética, sustentável, crítica, criativa e com responsabilidade social e ambiental, além do combate a desinformação. O conceito de cidades MIL vai além do conceito das smart cities (cidades que buscam aumentar a qualidade de vida e eficiência dos seus habitantes através da tecnologia), porque, para que se desenvolvam, é preciso a participação ativa do cidadão nesse processo (Yanaze, Chibás Ortiz, 2019).
O Ciclo do Marketing Digital (Ortiz, 2011) apresenta dez etapas do processo do marketing digital contemplando, na maioria delas, aspectos éticos e de responsabilidade social e ambiental que são inerentes ao conceito das cidades MIL. Este processo caminha de acordo com uma sociedade onde os clientes exigem um relacionamento cada vez mais próximo com as empresas e onde o consumidor não é somente um comprador, mas está inserido na missão, visão e valores das organizações, ou seja, onde no mundo atual não só permite como reivindica um marketing mais voltado para o ser humano (Kotler, 2010).
Fazem parte das etapas do Ciclo do Marketing Digital que exploram os conceitos citados acima as fases de Pesquisa, Planejamento, Disparo de E-mails, Redes Sociais, Blogs, Websites e Arremate Final onde as ideias não só estão presentes em recomendações para movimentos digitais como também em ações comunitárias que devem ser praticadas pelas empresas atualmente para conquistar seus clientes.
Marketing Político Digital, No Brasil, Uma Breve Introdução:
A história do marketing político digital no Brasil tem início no ano de 1998 quando a internet passou a ser empregada como ferramenta de e-campanha (Braga e Carlomagno, 2018) através da utilização de websites. A princípio intervenções ainda sem interatividade do eleitor com o novo canal de comunicação adotado pela equipe de marketing do político que se utilizava dos mesmos materiais no website que eram utilizados também como mídia offline (Fernandez, 2005).
Essa interatividade começa a se fazer presente no período pós-web (Gomes et al., 2009) também classificado pelos autores Tim O’Reill e John Battelle como Web 2.0. Esse período marca a chegada das redes sociais e com elas o início da interatividade quando os usuários passam de meros consumidores da informação para criadores de conteúdo (Knoll e Ghisleni, 2018).
Mas apesar da popularização cada vez maior das redes sociais e do aumento no uso da internet no Brasil o movimento digital só começou a ter a devida atenção dos profissionais de comunicação e marketing político a partir da vitória de Barack Obama (Braga e Carlomagno, 2018) à presidência dos EUA, no ano de 2008, quando o candidato bateu recorde de doações e mobilizou milhões de americanos em torno da sua candidatura se utilizando de uma ampla e complexa estratégia de marketing digital (Cornfield, 2008).
Com a utilização das redes sociais para fins eleitorais e políticos outra novidade surgiu: os bots ou robôs de automação de rede. Regattieri (2019) define os “bots” como contas controladas por softwares capazes de realizarem tarefas de forma automática. Nas redes sociais essas contas realizam diversas funções como a postagem de conteúdos e a interação entre contas, sejam elas de humanos com robôs ou de robôs com humanos de forma muito semelhante ao que ocorre entre pessoas reais.
O primeiro caso desse tipo de interferência nas campanhas eleitorais brasileiras ocorreu na campanha presidencial de 2010, somente dois anos após a vitória de Barack Obama na campanha à presidência dos EUA se utilizando de estratégia de marketing digital. A então candidata Dilma Roussef sofreu uma série de ataques na rede social Twitter onde milhares de contas propagavam que a então candidata liberaria o aborto caso fosse eleita (Ramos, 2012). Este fator foi decisivo para levar a disputa naquele ano para o segundo turno.
Quatro anos após o uso dos robôs de automação de redes sociais para a difusão de informações falsas durante a campanha eleitoral há registros também da utilização dos bots no estímulo ao movimento “Vem pra Rua”, em 2014, provocando a população a protestarem contra a classe política (Ragattieri, 2019).
No mesmo ano os robôs também foram utilizados para amplificar os pontos positivos da então candidata a reeleição Dilma Roussef e de seu então adversário no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras naquele ano Aécio Neves, conforme levantamento realizado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV – FGV-DAPP[1].
Em 2016 houve indícios de utilização dos mesmos robôs de automação de perfis nas redes sociais na campanha municipal da cidade do Rio de Janeiro (Ragattieri, 2019). Uma outra ferramenta de marketing digital foi utilizada no Brasil, em 2018, com o intuito de gerar debate político e manipular informações. O candidato Jair Bolsonaro se utilizou de uma estratégia digital de disparos de mensagens em massa via WhatsApp com o intuito de desinformar e persuadir eleitores (Calejon, Vizioni, 2019).
Em apenas 20 anos o marketing político digital no Brasil saiu da construção de simples websites como canais de comunicação do político com o eleitor para a utilização de ferramentas digitais e estratégias de marketing mais complexas como o uso de robôs em contas de redes sociais para a formação de manadas de opinião que estimulam os usuários a se posicionarem favoráveis ou contrários a determinado tema e disparo de mensagens por aparelhos de celular com o intuito de gerar confusão e desinformação (Calejon, Vizioni, 2019).
O Ciclo do Marketing Digital
O Ciclo do Marketing Digital trata de dez diretrizes principais que devem ser consideradas para a implementação de estratégias e ações de marketing com a utilização de mídias digitais (Chibás Ortiz, 2012. p. 69). O autor contempla não só os 4 pês do offline (McCarthy, 1979) como os 8 pês do online (Adolpho, 2011).
Chibás Ortiz (2012) estabelece 10 pontos principais no Ciclo do Marketing Digital, são eles: Pesquisa, Planejamento, Endomarketing, Disparo de E-mails, Blogs, Outros Sites, Website, Arremate Final e Análise de Resultados. Todos essas dez etapas formam um ciclo, quando se chega ao último estágio de análise de resultados, tudo o foi realizado até ali é analisado e tem-se o retorna ao estágio inicial de pesquisa, dando início a um novo ciclo.
As duas primeiras diretrizes estabelecidas pelo autor coincidem com as adotadas por Conrado Adolpho (2011). São elas: a pesquisa e o planejamento. Na fase do planejamento, Chibás Ortiz (2012) sugere a utilização das matrizes SWOT e Yanaze (2011), além do estabelecimento de um posicionamento, plano de mídia e da análise de indicadores quantitativos e qualitativos.
Na terceira etapa, Chibás Ortiz propõe o Endomarketing, como uma forma de vender para dentro da organização antes de vender para fora. O autor ressalta que essa diretriz é comumente esquecida no desenvolvimento das estratégias de marketing digital das empresas.
A quarta etapa do Ciclo do Marketing Digital proposta por Chibás Ortihz (2012) é o disparo de e-mails. O objetivo principal é a criar relacionamentos com o público-alvo. Em quinto estão as redes sociais que devem ser utilizadas para a veiculação de conteúdos com referências indiretas aos produtos e serviços da companhia.
A sexta etapa o autor estabelece a utilização de blogs como ferramenta intermediária entre o site e as mídias sociais com o objetivo de passar uma imagem institucional da organização ou empresa de forma mais personalizada e, diferentemente das redes sociais, de maneira mais informal (Ortiz, 2012).
A sétima etapa são outros sites como forma de difusão do site principal da empresa entre o público-alvo. Esta diretriz visa propagar o nome da empresa ou organização em outros locais que não só os da própria companhia. A oitava diretriz diz respeito ao próprio site ou loja virtual que possuem uma linguagem mais formal e institucional da organização (Ortiz, 2012).
O nono passo é chamado pelo autor de arremate final que trata da utilização de mídias off-line como a utilização de tv, rádio, revistas e jornais impressos, além de envios de mensagens de texto e telemarketing ativo para a complementação das vendas de produtos ou serviços. A décima diretriz é o resultado, etapa orientada para análise de resultados e recomeço na fase da pesquisa.
O Ciclo do Marketing Digital Aplicado Por Profissionais de Marketing Político no Brasil
No ano de 2016 o então candidato a presidência dos EUA Donald Trump e o movimento que pedia a saída do Reino Unido da União Européia se utilizaram de uma das estratégias apontadas por Chibás Ortiz no Ciclo do Marketing Digital (2012) para identificação do público-alvo denominado persuasíveis, eleitores indecisos que poderiam ser influenciados e decidir as eleições americanas e o Brexit[2]. Para identificação desse público foram utilizados os Questionários nas Redes Sociais.
Outra estratégia de marketing digital apontada por Chibás Ortiz (2012) e que também foi utilizada com sucesso nas eleições norte-americanas foi a Presença em Outros Sites. Barack Obama na eleição de 2008 esteve presente em mais de 15 redes sociais diferentes fugindo do padrão de utilização das mais populares, cada uma delas com milhões de usuários além da sua presença forte em sites de compartilhamento de conteúdo, sendo um dos principais o Youtube (Graef, 2009).
Outra estratégia de Chibás Ortiz (2012) que também foi utilizada por Barack Obama em 2008 foi o disparo de e-mails. O candidato também se utilizou da ferramenta em larga escala por se tratar de uma forma de divulgação de baixíssimo custo. Com esta ferramenta o candidato manteve o seu diálogo com mais de 13 milhões de eleitores nos Estados Unidos, gerando relacionamento.
Essas estratégias que ajudaram Trump, Brexit e Obama também são utilizadas pelos profissionais de marketing político pesquisados por Maia (2020), onde o pesquisador ouviu 47 profissionais de comunicação política brasileira sobre as principais ferramentas e estratégias de marketing digital adotadas por eles atualmente.
Curiosamente as principais estratégias citadas acima presentes na campanha de Barack Obama em 2008 são as menos utilizadas pelos entrevistados. O disparo de e-mails é utilizado por 70,2% dos profissionais e a presença em outros sites é utilizada por 72,3%. Porém, esses pontos são utilizados de forma isolada. Apenas 31,9% dos entrevistados relatou que se utiliza de todo o Ciclo do Marketing Digital proposto por Chibás Ortiz (2012).
Cabe destacar que outra estratégia apontada por Chibás Ortiz (2012) e que foi bastante utilizada nas vitórias de Donald Trump e do Brexit, ambas em 2016, não é a favorita dos profissionais de marketing político brasileiros. Trata-se da utilização dos Questionários nas Redes Socais para obtenção de dados dos públicos. Para este fim, os profissionais preferem a utilização do Google Analytics (38,3%) e de outras plataformas (29,8%), deixando os Questionários das Redes Sociais em terceiro lugar com (27,7%), justamente a ação mais utilizada por Donald Trump e pelo Brexit para conseguirem identificar o perfil de eleitores por eles denominado de persuasíveis, que poderiam ser influenciados por anúncios no Facebook.
Em contrapartida, as redes sociais são o principal canal de comunicação utilizado pelos profissionais pesquisados (87,2%), à frente do Website do candidato (27,7%).
O disparo de mensagens de texto, citado por Chibás Ortiz (2012) na fase final do Ciclo do Marketing Digital e que complementa todas as estratégias adotadas é utilizado por 66,7% dos profissionais, reforçando ainda a relevância desse tipo de estratégia presente nas campanhas de Barack Obama em 2008 e Jair Bolsonaro dez anos depois.
Um fato que merece destaque é a utilização do disparo de e-mails para um fim diferente do que foi adotado por Barack Obama em 2008 e por Chibás Ortiz (2012) no Ciclo do Marketing Digital. A maioria dos profissionais pesquisados por Maia (2020) apontaram que utilizam o disparo de e-mails para propagação de conteúdo das redes sociais (52,4%) reforçando o peso que as redes sociais têm nas campanhas dos profissionais de marketing político no Brasil hoje visto que a maioria deles também relatou que são as redes sociais o principal canal de comunicação do político com o eleitor.
Abaixo um quadro apresenta o quantitativo de profissionais pesquisados por etapas do Ciclo do Marketing Digital:
Ciclo do Marketing Digital | Ferramentas propostas pelo Ciclo do Marketing Digital para cada uma das etapas: | Quantos marqueteiros políticos e profissionais de comunicação política utilizam essa parte do Ciclo do Marketing Digital |
Pesquisa: Momento do diagnóstico onde se conhece o público-alvo se utilizando de questionários via e-mail, sites, portais e redes sociais, pesquisa através do Google Analytics, enquetes nas redes sociais com perguntas abertas ou fechadas, disparo de e-mails. (Chibás Ortiz, 2012, p, 71). | Google Analytics Questionários Enquetes Disparo de E-mails | 76,6% |
Planejamento: Formação da estratégia digital compreendendo as ações de marketing que serão realizadas durante a campanha se utilizando da matriz SWOT, bem como da matriz YANAZE (2011), com estabelecimento do posicionamento e do Plano de Mídia, além de indicadores de sucesso da campanha. (Chibás Ortiz, 2012, p, 71). | Matriz Swot Matriz YANAZE (2011) Plano de Mídia Online Indicadores Qualitativos e Quantitativos | 83% |
Endomarketing: Nesta etapa é proposta a venda do produto para os próprios integrantes da equipe fazendo com que não só conheçam como apoiem o projeto e comprem a ideia. (Chibás Ortiz, 2012, p, 71). | Plano de Mídia Online Interno Intranet Softwares Gerenciadores de Tarefas CRM ou ERP Mídias Sociais Treinamentos e Palestras Ações de Responsabilidade Social | 80,9% |
Disparo de E-mails: O objetivo desta etapa é a criação de relacionamento entre os clientes atuais e futuros e a empresa (Chibás Ortiz, 2012, p, 72). | E-mails Institucionais News Letters Emails com datas comemorativas Emails sobre Responsabilidade Social Emails marketing de produtos | 70,2% |
Redes Sociais: Postagens nas redes sociais com o intuito não de vender um produto, mas de gerar relacionamento entre o cliente e a empresa. (Chibás Ortiz, 2012, p, 72). | Postagens divertidas, alegres, simpáticas. Links Patrocinados. Enquetes sobre os produtos. Eventos Virtuais. Compartilhamento de Conteúdos. | 85,1% |
Blogs: Ferramenta intermediária entre o site e os miniblogs ou plataformas de mídias sociais que tem o objetivo de passar uma imagem institucional mais personalizada entre a informalidade das redes sociais e a seriedade do website (Chibás Ortiz, 2012, p, 72). | Banners Animados Páginas Diversas Aplicativos Diversos | 72,3%* |
Outros Sites: Etapa que pode ocorrer concomitantemente com outras etapas do Ciclo do Marketing Digital com a inscrição da empresa em diferentes sites de busca, portais, diretórios, blos, sites de parceiros possibilitando que os clientes consigam chegar até a empresa a partir de outros sites (Chibás Ortiz, 2012, p, 73). | 72,3%* | |
Website: Ferramenta formal que transmite a imagem institucional da empresa oferecendo de maneira direta os produtos e serviços (Chibás Ortiz, 2012, p, 73). | – | |
Arremate Final: Nesta etapa está prevista a utilização de mídias offline para a complementação da estratégia digital. (Chibás Ortiz, 2012, p, 73). | Televisão Rádio Revistas Jornais Cinema Mensagens por Celular Telemarketing Ativo Entre outras | 80,9% |
Resultado: Última etapa do Ciclo do Marketing Digital com o resultado final da campanha e reinício do ciclo em caso não satisfatório. (Chibás Ortiz, 2012, p, 73). | Monitoramento de dados no site, blog e redes sociais. | 83% |
Utilizam todos os pontos: | 31,9% |
*O questionário se utilizou de apenas uma pergunta para blogs e presença em outros sites.
Abaixo um quadro demonstrativo sobre de que forma os profissionais de comunicação e marketing político utilizam algumas ferramentas destacadas do Ciclo do Marketing Digital de Chibás Ortiz (2012).
Como é utilizada no Ciclo do Marketing Digital | Com relação ao Ciclo do Marketing Digital de que maneira também são utilizadas (principais resultados com possibilidade de múltiplas respostas). | |
Google Analytics | Ferramenta utilizada na fase de pesquisa para obtenção de dados do público-alvo. (Chibás Ortiz, 2012, p, 71). | Pesquisa (45,7%) Planejamento (34,8%) Análise de Resultados (34,8%) |
Disparo de E-mails | Corresponde a quarta etapa do Ciclo do Marketing Digital e é utilizado para gerar relacionamento entre a empresa e os clientes (Chibás Ortiz, 2012, p, 72). | Promoção de conteúdo através das redes sociais (52,4%) Propagação de conteúdo para que atinjam mais pessoas (50%) Personalização de conteúdo (26,2%) Endomarketing (16,7%) |
Questionários nas redes sociais | Utilizados pelo autor na fase de pesquisa de informações sobre os públicos-alvo (Chibás Ortiz, 2012, p, 71). | Pesquisa (52,2%) Planejamento (41,3%) Produção de conteúdo (30,4%) Personalização de conteúdo (26,1%) |
SWOT | Matriz de marketing utilizada pelo autor do Ciclo do Marketing Digital na fase de Planejamento. (Chibás Ortiz, 2012, p, 71). | Planejamento (77,3%) Pesquisa (43,2%) |
Abaixo um quadro demonstrativo que relata de que maneira os profissionais de comunicação política e marketing político utilizam as ações propostas no Ciclo do Marketing Digital:
Etapas | Principais respostas sobre a utilização das ferramentas por profissionais de comunicação e marketing político. |
Disparo de E-mails | News Letter “Para criar relacionamento, passando informações e opiniões relevantes, sempre segmentando e personalizando a mensagem por tags.” Utilizo o disparo de e-mails para gerar relacionamento e identificar o público-alvo que tem mais sintonia com o que o meu candidato defende. Através do mailchimp pra sinalizar os apoiadores sobre alguma novidade ou publicação do candidato. Apenas para personalizar conteúdos e/ou propagar conteúdos. Não aposto mais em e-mails como ferramenta de comunicação externa em campanha eleitoral. Com funil analisando a taxa de abertura Divulgar ações e buscar feedbacks |
Website | “Plataforma de conteúdo” “Aumentar o ranking no Google” “Manter as informações em um mesmo local” “Local macro com todas as informações do candidato” |
Pesquisa | “Perfis Fake” “Pesquisas no TSE e Facebook” |
De que forma o Ciclo do Marketing Digital Aplicado pelos Marketers Políticos Brasileiros Pode Contribuir com o Desenvolvimento das Cidades MIL
Um dos temas principais que regem o conceito das Cidades MIL é o combate a desinformação (Yanaze, Chibás Ortiz, 2019). A vitória de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil em 2018 se utilizando de meios digitais para alastrar desinformação e confundir os cidadãos brasileiros (Calejon, Vizioni, 2019) seguindo exemplos eleitorais bem sucedidos pelo mundo como os de Donald Trump quando concorreu à presidência dos EUA e do BREXIT na União Europeia, reforça a necessidade de combate a desinformação e as Fake News.
A defesa do desenvolvimento das cidades MIL perpassa o confronto com esse modelo estratégico de desinformação que visa a criação de seitas digitais que balizam as estruturas eleitorais e de poder recentes. Os marketers políticos, que são fundamentais no processo de gerenciamento de campanhas eleitorais e manutenção de mandatos, devem participar dessa evolução de modo que não só se abstenham de utilizar a desinformação como estratégia eleitoral como também combatam esse tipo de prática.
O marketing hoje anda lado a lado com os conceitos estabelecidos pelas cidades MIL e é de fundamental importância que os marketers políticos entendam o novo marketing e o eleitor como parte desses valores.
Os algoritmos das redes sociais oferecem conteúdo atrativo para os usuários permanecerem nas redes o maior tempo possível é neste ambiente também que os difusores da desinformação e das fake news sustentam as suas teorias que capturam aspirações e medos dos eleitores (Empoli, 2020). Considerando o presente estudo o futuro do marketing deve contemplar o combate a desinformação como principal defesa de proteção de mandatos políticos e de regimes democráticos.
O Ciclo do Marketing Digital pode contribuir nesse sentido na proposta de utilização das estruturas digitais aliadas as mídias offline com a inclusão do combate a desinformação e fake news difundindo esta prática e estabelecendo uma rede mais saudável contemplando os aspectos éticos, de responsabilidade social, ambiental e também de combate a desinformação conforme pregam as Cidades MIL.
Considerações Finais
Neste artigo foi apresentado um breve relato sobre o Marketing Político Digital Brasileiro, destacando as principais intervenções digitais na política brasileira. Foi destacado o Ciclo do Marketing Digital de Chibás Ortiz (2012) como um modelo de estratégia completo de maketing digital e de que forma ele vem sendo aplicado pelos profissionais de marketing político no Brasil atualmente com destaque para cerca de um terço dos profissionais que se utilizam de toda a estratégia para buscar melhores resultados para os seus candidatos e a mudança de objetivos para ferramentas importantes como o disparo de e-mails, além do poder das redes sociais como o canal de comunicação mais utilizado pelos profissionais pesquisados.
Importante destacar que ferramentas que vem sendo utilizadas por grandes cases de processos eleitorais pelo mundo ainda se mantém ativas até hoje como o disparo de mensagens de texto, o disparo de e-mails e a presença dos candidatos em outros sites.
Todas as etapas do Ciclo do Marketing Digital são aplicadas pelos profissionais de comunicação e marketing político no Brasil hoje (Maia, 2020), porém elas são utilizadas de forma isolada. Somente 30,9% aplicam todas as etapas. Contudo se faz necessária uma análise mais profunda desses profissionais para identificar em qual grau essas etapas são aplicadas e se todas as recomendações descritas no Ciclo do Marketing Digital são utilizadas por estes profissionais principalmente os aspectos éticos, de responsabilidade social e ambiental e o combate a desinformação fundamentais para o desenvolvimento das Cidades MIL.
Referências
Adolpho, Conrado. Os 8ps do Marketing Digital. O Guia Estratégico de Marketing Digital. Novatec. São Paulo. SP. 2011.
Braga, S.; Carlomagno, M. 2018. Eleições como de costume? Uma análise longitudinal das mudanças provocadas nas campanhas eleitorais brasileiras pelas tecnologias digitais (1998-2016). Revista Brasileira de Ciência Política 26: 7-62.
Calejon, Cesar; Vizioni, Adriano. 2019. A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do século XXI. Lura Editorial; 1ª edição (1 janeiro 2019).
Chibás Ortiz, Felipe. Ciclo do Marketing Digital: Tática e Estratégia Blended. ENIAC Pesquisa, Guarulhos (SP), p. 64-76, v. 2, n. 1, jan-jun. 2013.
Cornfield, Michael. Cientista político americano e diretor de pesquisa do Projeto Democracia On-line da Universidade George Washington. 2008. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/2189/1/a04v17n34.pdf>. Acesso em 16 jun. 2020.
Knoll, Graziela; Ghisleni, Steffenello. Estratégias de Comunicação em Mídias Digitais. In: VII Encontro Regional Sul de História da Mídia. 2018.
Kotler, Philip Marketing 4.0 [recurso eletrônico] / Philip Kotler, Hermawan Kartajaya, Iwan Setiawan; tradução de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
Maia, Lucas. 2020. As estratégias e ferramentas de marketing digital mais utilizadas pelos marketers políticos, no Brasil, atualmente. Monografia especialização USP/ESALQ.
Regattieri, Lorena Lucas. Boats Como Agentes de Expressão: Regime de visibilidade e o poder de criar redes. Contracampo. Brazilian Jornal of Comunication. PPGCOM-UFF. 2019.
Yanaze, M. H., Chibás Ortiz, F., & Sayad, A. L. V. (2019). Marketing, comunicação, tecnologia & inovação nas cidades MIL. São Paulo: ECA/USP.
[1] Acessado em 06/02/2021. http://dapp.fgv.br/robos-redes-sociais-e-politica-estudo-da-fgvdapp-aponta-interferencias-ilegitimas-no-debate-publico-na-web/
[2] Acessado em 06/02/2021. Disponível em (PRIVACIDADE HACKEADA. AMER, Karin; NOUJAIM, Jehane. NETFLIX. 2019. (111 min.)
1 Comment
Muito bom Lucas!!! PARABÉNS!